Mas o anarquismo teve no Perú a coincidência de outra força poderosa. A organização rebelde e internacional começou no Perú, e nos outros povoso latinoamericanos, por iguais necessidades. Mas para surpresa, os primeiros anarquistas constataram que o comunismo libertário e agrário, com raizes em Villamar e Nueva Granada, coincidia totalmente com o espírito do coletivismo agrário comunitário dos ayllus, dos quechuas–aymaras, dos calpulli, dos mayas aztecas ou o mir russo.
No Perú, como em todo tawantisuyu(Tawantinsuyu se refere ao Império Inca em quechuas), era diferente o socialismo de Estado do Império Inca. Mantinham a horizontalidade de sua organização tribal e o tempo vital de suas etnias. Se destacou como estudioso destas características, entre outros, Manuel González Prada, que recebeu a marca do movimento operário anarquista internacional, exercendo por sua vez uma grande influência sobre o anarquismo peruano.
A Federação dos Operários Padeiros Estrela do Perú – Federación de Obreros Panaderos Estrella – surgiu em 1904 (o país iniciava uma guerra civil) lutando pelo reconhecimento da organização e das oitor horas de trabalho.Em 1907 os anarquistas criaram o Centro Socialista Primeiro de Maio que deu origem ao Centro de Estudos Sociais Primeiro de Maio. Em 1913, os anarquistas organizaram uma Federação Regional Operária Peruana ( Federación Obrera Regional Peruana ) com estatutos similares a FORA – Federação Operária Regional Argentina.
Em 1919, o dirigente estudantil Haya de la Torre difundiu a doutrina da socialdemocracia, com Mariátegui e César Falcón, propiciando um socialismo de estado. Contrário a ele foi Gonzales Prada, que adotava o internacionalismo de ação direta da Primeira Internacional em sua obra “ Horas de lucha ” de 1908 (Uruguay sofria perante o repressor Willian e seu chefe de polícia West).
Logo continuava sua atividade anarquista no jornal libertário Los Parias. Os irmãoes Flores Magón, Práxedes de Guerrero e Emiliano Zapata no México pé indígena, como os líderes operários peruanos do início do Século XX, como Franken e Gutarra, jornalistas e organizadores operários clássicos que expressaram a propaganda libertária.
É muito interessante conhecer hoje em dia qual foi a luta de González Prada e seus companheiros. Por um lado contra os propagadores da socialdemocracia marxista, a mesma que na Rússia desembocaria em um Czarismo vermelho, e acabou seguindo a linha do capitalismo desenvolvimentista atual. Sua segunda frente foi contra o populismo nacionalista do APRA (Alianza Popular Revolucionaria Americana), cujo triste final, conforme profecia de González Prada, veio pelas mãoes do governo de Alan García, administração que desapareceu entre os escandalos de corrupção e entreguismo, muito similar no todo ao governo espanhol de Felipe González. Tinham razão os anarquistas peruanos, que com González Prada, combatiam os governos populares desde 1905?
A revolução russa e o chamado socialismo marxista, com sua Tercera Internacional, isolaram o anarquismo, defendendo um debate político parlamentar, do qual, com a prova experimental, saiu perdido para sempre o marxismo, restando-lhe para sobreviver a adaptação as ideias liberárias. Será preciso repetir o processo uma, outra e outra vez?
L.A.G.
(Opción libertaria)
Essa é uma tradução livre do texto obtido no Archivo Anarquista Peruano
http://antiautoritario.blogspot.com/2010/09/as-raizes-do-anarquismo-no-peru.html